Curiosamente é muito difundida a ideia de esporão do calcâneo como uma dor embaixo do pé. Esse termo gera muita confusão e até os médicos replicam essa confusão. O termo esporão é um termo genérico para se falar de uma proeminência óssea em qualquer parte do corpo.
Existe uma doença conhecida como deformidade de Haglund que é comumente associada ao termo leigo de “esporão de galo” por ser parecido com a proeminência que existe atrás da perna deste galináceo. Essa morbidade é devido a dor decorrente na inserção do tendão de aquiles que é descrita como uma dor atrás do tornozelo.
Entretanto, alguns médicos e pacientes ainda usam o termo esporão para se referir a uma dor embaixo do calcanhar e após realizar a radiografia afirmam que a proeminência pontuda abaixo do osso calcâneo é o dito “esporão” e aquilo está gerando a dor.
Neste momento, a confusão começa, pois, a dor normalmente localizada embaixo do calcanhar, descrita como intensa logo no primeiro pisar ao despertar tem o nome de fasceíte plantar.
A fáscia plantar devido a um processo inflamatório gera dor e normalmente não aparece esporão nenhum. Algo que contribui para a confusão é que aquela proeminência que aparece na radiografia na verdade é uma calcificação da inserção dos tendões flexores curtos dos dedos que nada tem a ver com a dor localizada embaixo do calcanhar.
No procedimento cirúrgico realizado para fasceíte plantar, a técnica operatória em nenhum momento visa mexer em alguma calcificação ou proeminência óssea. O procedimento apenas visa ressecar parte da fáscia plantar de modo a diminuir a tensão neste tecido ou alongar o tendão de aquiles melhorando o alongamento da perna.
Na minha visão, o motivo de alguns médicos falarem de modo errado “esporão do calcâneo” para os pacientes é por puro desconhecimento ou por ser mais simples falar isso do que explicar algo a mais para o seu cliente, deste modo, prolongando a consulta.
O linguajar popular permite termos como “bico de papagaio”, “pulso aberto”, “dor na pá”, “princípio de pneumonia” entre outros nomes. Muitas vezes, falar desta maneira e não explicar nada ao paciente pode abreviar a consulta e economizar energia do médico para não ter que explicar o mínimo sobre o que está acontecendo com o paciente.
Na minha opinião, esse tipo de abordagem causa mais confusão na cabeça do cliente do que ajuda. Muitas vezes o paciente entra no consultório achando que o pé dele terá em algum momento um osso que sairá pela sua planta do pé. Uma simples explicação poderia tirar essa crença absurda e já aliviaria um medo sem justificativa.
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